O autismo, uma condição complexa e multifacetada, afeta um número crescente de indivíduos em todo o mundo. No Brasil, a falta de dados precisos e abrangentes sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido um obstáculo para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e para o apoio adequado às famílias atípicas. É nesse contexto que o Mapa Autismo Brasil (MAB) surge como uma iniciativa crucial, buscando coletar e analisar dados para transformar o futuro do autismo no país.

O podcast “Dose de Atipicidade”, apresentado por Carla de Castro, nutricionista especialista em autismo e TDAH, recebeu Luciana Rezende de Oliveira, fonoaudióloga, mestre em neurociências e especialista em autismo, para discutir a importância do MAB e como ele está moldando o cenário do autismo no Brasil. A conversa revelou insights valiosos sobre a coleta de dados, os desafios enfrentados e o impacto potencial dessa iniciativa para famílias, profissionais e formuladores de políticas.

A Missão do Mapa Autismo Brasil: Coletando Dados para Transformar Vidas

O Mapa Autismo Brasil (MAB) é o primeiro levantamento não governamental de dados sociodemográficos da população autista no Brasil. Seu objetivo principal é traçar um perfil detalhado de como vivem as pessoas com autismo, incluindo informações sobre incidência, gastos com terapias, processo diagnóstico e muito mais. A iniciativa busca preencher uma lacuna crucial na compreensão do autismo no país, fornecendo dados validados para auxiliar em diversos processos.

Luciana Rezende explicou que o MAB nasceu de uma idealização de Carol, e que a equipe abraçou a causa com o objetivo de coletar dados e informações relevantes sobre o autismo no Brasil. A primeira etapa da pesquisa foi realizada no Distrito Federal, servindo como um estudo piloto para aprimorar a metodologia e garantir a acessibilidade da pesquisa em âmbito nacional.

A Importância da Fonoaudiologia no Acompanhamento de Pessoas com Autismo

Durante o podcast, Carla de Castro e Luciana Rezende também discutiram a importância da fonoaudiologia no acompanhamento de pessoas com autismo. Luciana destacou que cerca de 25% a 30% das pessoas com autismo não desenvolvem uma comunicação falada funcional, tornando a comunicação alternativa uma ferramenta essencial.

A fonoaudiologia atua em diversas áreas, incluindo comunicação, fala, leitura, escrita e alimentação, além de trabalhar aspectos relacionados à motricidade orofacial. A especialista ressaltou a importância de buscar profissionais especializados em autismo, pois a graduação em si é limitada para o universo complexo do TEA.

Seletividade Alimentar e a Abordagem Multidisciplinar

A seletividade alimentar é um desafio comum em crianças com autismo, e Luciana Rezende enfatizou a importância de uma abordagem multidisciplinar para lidar com essa questão. A colaboração com terapeutas ocupacionais e nutricionistas é fundamental para compreender o perfil sensorial da criança e evitar sobrecargas.

A fonoaudióloga também destacou a importância de verificar aspectos de motricidade da criança, como questões dentárias ou dificuldades na mastigação, para identificar possíveis causas da seletividade alimentar. A aproximação sucessiva e a valorização do que a criança já consegue fazer são estratégias importantes para motivá-la a experimentar novos alimentos.

Diagnóstico e Comorbidades: Um Panorama do Autismo no DF

A primeira etapa da pesquisa do MAB, realizada no Distrito Federal, revelou dados importantes sobre o diagnóstico e as comorbidades associadas ao autismo. Mais de 35% dos respondentes relataram comorbidades com TDAH, enquanto cerca de 28% apresentavam depressão ou ansiedade.

Os diagnósticos de autismo foram mais prevalentes na primeira infância (0 a 4 anos) e em adultos acima de 20 anos, indicando a importância de um diagnóstico precoce e a necessidade de atenção aos adultos que podem não ter sido diagnosticados na infância. A pesquisa também revelou a importância da psicoterapia como a terapia mais utilizada por pessoas com autismo, seguida pela fonoaudiologia e terapia ocupacional.

Principais Conclusões

• O Mapa Autismo Brasil (MAB) é uma iniciativa crucial para coletar dados sobre o autismo no Brasil e transformar o futuro do TEA no país.
• A fonoaudiologia desempenha um papel fundamental no acompanhamento de pessoas com autismo, atuando em diversas áreas, como comunicação, fala e alimentação.
• A seletividade alimentar é um desafio comum em crianças com autismo, exigindo uma abordagem multidisciplinar e a valorização do que a criança já consegue fazer.
• A pesquisa do MAB revelou altas taxas de comorbidades com TDAH, depressão e ansiedade em pessoas com autismo no Distrito Federal.
• O diagnóstico precoce e a atenção aos adultos que podem não ter sido diagnosticados na infância são fundamentais para garantir o apoio adequado.
• A psicoterapia, a fonoaudiologia e a terapia ocupacional são as terapias mais utilizadas por pessoas com autismo.

Conclusão

O Mapa Autismo Brasil representa um passo importante para a construção de um futuro mais inclusivo e acolhedor para as pessoas com autismo no Brasil. Ao coletar e analisar dados precisos e abrangentes, o MAB está fornecendo informações valiosas para famílias, profissionais e formuladores de políticas, permitindo o desenvolvimento de estratégias mais eficazes para o apoio e a inclusão das pessoas com TEA. Que tal se juntar a essa causa e contribuir para um futuro melhor para o autismo no Brasil? Responda à pesquisa do MAB e compartilhe essa informação com quem pode se beneficiar!

Este artigo é baseado no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TN2rsCXV-JY