No universo da neurodiversidade, cada criança trilha um caminho único, repleto de desafios e potencialidades. Para auxiliar nesse percurso, a terapia ocupacional (TO) surge como uma ferramenta essencial, promovendo autonomia, desenvolvimento e bem-estar. Mas, afinal, qual o papel da TO na vida de crianças com autismo, TDAH e outras condições?
Em um episódio especial do podcast “Dose de Atipicidade”, Carla de Castro, nutricionista especialista em autismo e TDAH, recebeu Elizete Carvalho, terapeuta ocupacional pediátrica, para desmistificar a TO e explorar seus benefícios. A conversa revelou a importância de um olhar individualizado e da colaboração entre terapeutas, famílias e escolas para o sucesso do tratamento.
Desvendando a Terapia Ocupacional: Mais que um Nome
Muitas vezes, o termo “terapia ocupacional” gera dúvidas e interpretações equivocadas. Elizete Carvalho explica que a TO é uma profissão da área da saúde que se dedica ao estudo da ocupação humana, abrangendo desde atividades básicas de autocuidado até o desempenho escolar, o trabalho e o lazer.
No caso das crianças, a principal ocupação é o brincar. A TO atua identificando e tratando dificuldades no brincar, seja por falta de criatividade, rigidez ou ausência de interesse. O objetivo é promover um brincar funcional, que estimule o desenvolvimento e a interação social.
Processamento Sensorial: A Base do Desenvolvimento
As alterações no processamento sensorial são comuns em crianças neurodivergentes e podem impactar significativamente seu desenvolvimento. Elizete Carvalho ressalta que essas alterações não são exclusivas de crianças atípicas, podendo ocorrer também em crianças típicas.
A TO desempenha um papel fundamental na identificação e tratamento dessas alterações, auxiliando a criança a processar e integrar as informações sensoriais de forma mais eficaz. Isso pode resultar em melhorias na coordenação motora, na regulação emocional e no desempenho em diversas atividades. Fatores de risco como a prematuridade podem influenciar no desenvolvimento de alterações sensoriais.
Sinais de Alerta: Quando Buscar Ajuda?
É importante que pais e cuidadores estejam atentos a sinais que podem indicar a necessidade de avaliação e intervenção da TO. Alguns exemplos incluem:
- Bebês excessivamente chorosos ou quietos demais
- Dificuldade em tolerar diferentes texturas de alimentos ou roupas
- Atraso no desenvolvimento motor
- Dificuldade em realizar tarefas cotidianas, como amarrar os sapatos ou vestir a roupa
- Brincar disfuncional ou repetitivo
A Importância da Tríade: Terapeuta, Criança e Família
Elizete Carvalho enfatiza que o sucesso da terapia ocupacional depende da participação ativa da família. Não basta levar a criança para as sessões; é fundamental que os pais compreendam o processo terapêutico, colaborem com as orientações e adaptem o ambiente familiar para promover o desenvolvimento da criança.
A TO não se restringe ao consultório. É essencial que as estratégias e atividades terapêuticas sejam incorporadas à rotina da criança, em casa e na escola. A comunicação entre o terapeuta, a família e a equipe escolar é fundamental para garantir a consistência e a efetividade do tratamento.
Principais Conclusões
- A Terapia Ocupacional (TO) foca na ocupação humana, especialmente o brincar em crianças.
- Alterações no processamento sensorial podem afetar crianças típicas e atípicas.
- A prematuridade é um fator de risco para alterações sensoriais.
- A participação ativa da família é crucial para o sucesso da TO.
- A rotina e a previsibilidade são importantes para crianças neurodivergentes.
- A integração entre TO, nutrição e outras especialidades otimiza o tratamento.
Conclusão
A terapia ocupacional oferece um caminho para que crianças neurodivergentes alcancem seu pleno potencial, desenvolvendo autonomia, habilidades e bem-estar. Ao desmistificar a TO e destacar a importância da colaboração entre terapeutas, famílias e escolas, podemos construir um futuro mais inclusivo e acolhedor para todas as crianças. Está pronto para dar o próximo passo e buscar o apoio de um terapeuta ocupacional?
Este artigo é baseado no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=faBzjLMBGS8



