O podcast Dose de Atipicidade, apresentado por Carla de Castro, nutricionista especialista em autismo e TDAH, trouxe à tona uma discussão crucial sobre a importância de dados precisos e abrangentes sobre o autismo no Brasil. Em um episódio especial, Carla recebeu Luciana Rezende de Oliveira, fonoaudióloga, mestre em neurociências e especialista em autismo, para desmistificar o trabalho do Mapa Autismo Brasil (MAB) e seu impacto na vida de famílias atípicas.
Com a crescente prevalência de Transtorno do Espectro Autista (TEA), a necessidade de informações de qualidade nunca foi tão premente. O MAB surge como uma iniciativa não governamental pioneira, buscando traçar um perfil detalhado da população autista no país, desde o processo diagnóstico até os gastos com terapias e o impacto nas políticas públicas.
Luciana Rezende, representante do MAB, compartilhou insights valiosos sobre a pesquisa, seus objetivos e a importância da participação da comunidade para o sucesso dessa empreitada. Vamos explorar os principais pontos abordados nessa conversa enriquecedora.
A Essência do Mapa Autismo Brasil (MAB)
O Mapa Autismo Brasil (MAB) é o primeiro levantamento não governamental dedicado a coletar dados sociodemográficos da população autista no Brasil. Seu principal objetivo é traçar um perfil detalhado de como vivem as pessoas com autismo, incluindo a incidência em relação à população geral, os gastos familiares com terapias e os desafios enfrentados no processo diagnóstico.
A pesquisa busca responder a perguntas cruciais, como: Qual a idade média do diagnóstico? Quem suspeitou inicialmente? Quais são as comorbidades mais comuns? Essas informações são vitais para direcionar políticas públicas e oferecer suporte adequado às famílias.
O projeto nasceu em 2021, idealizado por Carol Steincoff, e já realizou uma primeira etapa de coleta de dados no Distrito Federal em 2022. A segunda etapa, com abrangência nacional, está prevista para 2025 e promete ampliar significativamente o conhecimento sobre o autismo no Brasil.
Fonoaudiologia e Autismo: Ganhos e Benefícios
Luciana Rezende, com sua expertise em fonoaudiologia e autismo, destacou os diversos benefícios que o acompanhamento fonoaudiológico especializado pode trazer para crianças com TEA. Ela ressaltou que, segundo dados atuais, de 25% a 30% das pessoas com autismo não desenvolvem uma comunicação falada funcional.
Nesse contexto, a fonoaudiologia desempenha um papel crucial, muitas vezes introduzindo a comunicação alternativa de forma assertiva. Além da fala, a fonoaudiologia trabalha aspectos como leitura, escrita, alimentação e motricidade orofacial, abrangendo uma gama de necessidades específicas.
É importante ressaltar que, dentro da fonoaudiologia, existem diversas especialidades e subespecialidades, cada uma focada em um aspecto específico do desenvolvimento. Portanto, é fundamental buscar um profissional com expertise na área de maior necessidade da criança.
Panorama do Autismo no DF: Insights da Primeira Etapa do MAB
A primeira etapa da pesquisa do MAB, realizada no Distrito Federal, coletou e validou dados de milhares de participantes, revelando insights importantes sobre o autismo na região. Entre os principais achados, destacam-se:
- Comorbidades: Mais de 35% dos respondentes relataram comorbidades com TDAH, e mais de 28% com depressão ou ansiedade.
- Diagnóstico: Os diagnósticos foram mais prevalentes na primeira infância (0 aos 4 anos) e, em adultos, acima dos 20 anos, indicando a importância do diagnóstico precoce e a busca por autoconhecimento na vida adulta.
- Terapias: A psicoterapia é a terapia mais utilizada (83%), seguida pela fonoaudiologia (60.3%) e terapia ocupacional (57%). A nutrição, infelizmente, aparece com um percentual menor (17.38%), evidenciando a necessidade de maior conscientização sobre a importância da nutrição no autismo.
Esses dados, disponíveis gratuitamente no site do MAB, oferecem um panorama valioso para profissionais, pesquisadores e famílias, auxiliando na tomada de decisões e no desenvolvimento de estratégias de intervenção mais eficazes.
Principais Conclusões
- O Mapa Autismo Brasil (MAB) é uma iniciativa crucial para coletar dados sobre o autismo no Brasil, visando aprimorar políticas públicas e o suporte às famílias.
- A fonoaudiologia desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da comunicação de pessoas com TEA, abrangendo fala, leitura, escrita e alimentação.
- A primeira etapa da pesquisa do MAB no DF revelou dados importantes sobre comorbidades, diagnóstico e terapias utilizadas, oferecendo um panorama valioso sobre o autismo na região.
- A nutrição, embora essencial, ainda é pouco utilizada como terapia complementar no autismo, evidenciando a necessidade de maior conscientização sobre seus benefícios.
- O diagnóstico tardio em mulheres com TEA é comum devido ao mimetismo comportamental, exigindo uma avaliação mais atenta por parte dos profissionais.
Conclusão
A conversa entre Carla de Castro e Luciana Rezende no Dose de Atipicidade ressaltou a importância de dados precisos e abrangentes sobre o autismo para transformar a vida de famílias atípicas. O Mapa Autismo Brasil (MAB) surge como uma ferramenta poderosa nesse sentido, coletando informações cruciais para direcionar políticas públicas, aprimorar terapias e promover a inclusão.
Participe dessa iniciativa! Responda à pesquisa do MAB quando for lançada e ajude a construir um futuro mais informado e acolhedor para a comunidade autista no Brasil. Quais outras áreas você acredita que precisam de mais pesquisa e atenção no contexto do autismo?
Este artigo é baseado no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=TN2rsCXV-JY



