No universo complexo do autismo, a busca por abordagens que vão além do tratamento tradicional tem ganhado cada vez mais espaço. O podcast Doses de Atipicidade, apresentado por Carla de Castro, nutricionista especialista em autismo e TDAH, trouxe a Dra. Dulce Góes, pediatra homeopata com vasta experiência em transtornos do neurodesenvolvimento, para uma conversa esclarecedora sobre a pediatria integrativa e suas nuances no contexto do TEA.
A Dra. Dulce Góes, com seus mais de 40 anos de experiência, compartilhou sua visão sobre a evolução da compreensão do autismo, desde as antigas teorias da “mãe geladeira” até a complexidade atual que envolve fatores genéticos, metabólicos e ambientais. A conversa abordou a importância de um olhar holístico para o autismo, que considera não apenas os sintomas visíveis, mas também as causas subjacentes e as comorbidades associadas.
Neste artigo, exploraremos os principais pontos discutidos no podcast, desde a prevenção do autismo até as terapias complementares, como a homeopatia, e a importância da intervenção precoce para garantir o melhor desenvolvimento possível para crianças com TEA.
A Evolução da Compreensão do Autismo
A Dra. Dulce Góes traçou um panorama histórico da compreensão do autismo, desde as primeiras descrições até a visão atual. Ela destacou a importância de abandonar a antiga teoria da “mãe geladeira”, que culpabilizava as mães pelo autismo de seus filhos, e de adotar uma abordagem mais abrangente que considera múltiplos fatores.
O autismo, segundo a Dra. Dulce, é como um iceberg: a ponta visível representa os sintomas comportamentais, enquanto a maior parte submersa engloba os aspectos metabólicos, genéticos e ambientais. É nessa parte submersa que as terapias integrativas, como a homeopatia e a suplementação, buscam atuar.
A recente atualização do CDC dos Estados Unidos, que elevou a prevalência do autismo para 1 em cada 31 crianças, reforça a necessidade de uma maior conscientização e de profissionais especializados para atender essa crescente demanda.
Genética e Epigenética no Autismo: O Que Sabemos?
A questão da genética no autismo é complexa e multifacetada. Embora mais de 2.000 genes tenham sido associados ao TEA, nenhum deles é determinante. A Dra. Dulce explicou que, em cerca de 50 a 60% dos casos, há uma base genética identificável, mas mesmo quando não há, é comum encontrar traços do espectro ampliado do autismo na família.
A epigenética, ou seja, a influência do ambiente sobre a expressão dos genes, desempenha um papel crucial. Fatores como alimentação, poluição e exposição a agrotóxicos podem “ligar” ou “desligar” genes relacionados ao autismo.
Portanto, a prevenção do autismo passa por um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, água de qualidade e redução da exposição a substâncias tóxicas, tanto para a futura mãe quanto para o futuro pai.
Prevenção e Diagnóstico Precoce: Agir no Tempo Certo
A prevenção do autismo é um tema delicado, mas importante. A Dra. Dulce Góes enfatizou que a preparação para a gravidez deve começar um ano antes da concepção, com cuidados com a alimentação, suplementação adequada e eliminação de hábitos nocivos.
Durante a gestação, é fundamental reduzir o estresse, manter uma alimentação saudável e evitar a exposição a substâncias tóxicas. A gravidez é um momento de grande vulnerabilidade para o feto, e tudo o que acontece com a mãe afeta o bebê.
O diagnóstico precoce é essencial para garantir o melhor desenvolvimento possível para crianças com TEA. A Dra. Dulce compartilhou sinais de alerta que podem ser observados desde o nascimento, como a falta de contato visual, o olhar lateralizado e a fixação em objetos em vez de rostos. A intervenção no tempo certo, com terapias adequadas, pode mudar o prognóstico da criança.
Homeopatia e Detox: Uma Abordagem Integrativa
A homeopatia é uma terapia complementar que busca tratar o indivíduo como um todo, considerando seus aspectos físicos, emocionais e mentais. A Dra. Dulce Góes explicou que existem diferentes tipos de homeopatia, desde a clássica, que busca o “remédio de fundo” para cada indivíduo, até a homeopatia detox, que visa eliminar os bloqueios causados por medicamentos e outras substâncias tóxicas.
A homeopatia detox pode ser especialmente útil para crianças que foram expostas a muitos antibióticos, corticoides ou vacinas, pois essas substâncias podem interferir na ação do remédio de fundo. A Dra. Dulce compartilhou um caso emocionante de um menino que, com a homeopatia detox e o remédio de fundo, conseguiu melhorar significativamente seu desenvolvimento e qualidade de vida.
É importante ressaltar que a homeopatia não substitui o tratamento convencional, mas pode ser um complemento valioso para melhorar a saúde e o bem-estar de pessoas com autismo.
Principais Conclusões
- O autismo é um transtorno complexo que envolve fatores genéticos, metabólicos e ambientais.
- A prevenção do autismo começa antes da gravidez, com cuidados com a saúde da futura mãe e do futuro pai.
- O diagnóstico precoce é fundamental para garantir o melhor desenvolvimento possível para crianças com TEA.
- A homeopatia e outras terapias integrativas podem ser um complemento valioso para o tratamento do autismo.
- O autismo não tem cura, mas tem tratamento e é possível ajudar as crianças a atingirem seu máximo potencial.
Conclusão
A jornada no universo do autismo é desafiadora, mas repleta de possibilidades. Ao adotar uma abordagem integrativa, que considera todos os aspectos do indivíduo, e ao buscar profissionais especializados e comprometidos, é possível proporcionar uma vida mais saudável, feliz e plena para pessoas com TEA. Qual o próximo passo que você dará para aprofundar seus conhecimentos e oferecer o melhor suporte possível?
Este artigo é baseado no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CPPiBq1DuOs



