Maternidade Atípica: Luto, Aceitação e o Potencial Down

A maternidade atípica é uma jornada repleta de desafios, descobertas e, acima de tudo, muito amor. No podcast “Doses de Atipicidade”, Carla de Castro, nutricionista especialista em Autismo e TDAH, recebeu Iarla Violatti, mãe atípica, influencer, ativista e Diretora do Instituto Ápice Down, para uma conversa franca e emocionante sobre os altos e baixos dessa experiência. Elas abordaram temas como o luto após o diagnóstico, a importância da aceitação, o papel do ativismo e a necessidade de olhar para a criança além do rótulo.

A conversa revelou a importância de validar os sentimentos das mães, desmistificar preconceitos e celebrar o potencial único de cada criança com Síndrome de Down. Iarla compartilhou sua experiência pessoal com o filho Samuel, inspirando outras famílias a trilharem um caminho de amor, respeito e inclusão.

O Luto e a Aceitação: Um Processo Individual

O diagnóstico de uma condição atípica pode gerar um período de luto para os pais, muitas vezes relacionado à expectativa que se tinha em relação ao futuro da criança. Iarla Violatti ressaltou que essa culpa, que por vezes surge, precisa ser discutida abertamente, para que os pais entendam que é um processo. “Respira, acalma, digere essa notícia, deixa passar, daqui a pouco as coisas vão se encaixando”, aconselha.

É fundamental compreender que o autismo ou a Síndrome de Down não são o fim, mas sim um novo começo, uma forma diferente de enxergar o mundo. Cada mãe vivencia esse processo de forma única, e todos os sentimentos são válidos. É essencial falar, botar para fora, desabafar, pois é um momento individual e a dor precisa ser respeitada, inclusive pela família.

Quebrando Preconceitos e Celebrando o Desenvolvimento

Infelizmente, o preconceito ainda é uma realidade enfrentada por muitas famílias atípicas. Iarla compartilhou relatos de mães que deixaram de ser convidadas para festas e eventos sociais após o diagnóstico dos filhos. Esse capacitismo, muitas vezes vindo de pessoas próximas, reforça a importância de combater a discriminação e promover a inclusão.

Apesar dos desafios, Iarla enfatiza a importância de confiar no processo de desenvolvimento da criança, celebrando cada pequena conquista. Ela aprendeu a deixar de ser imediatista e a valorizar a jornada, que muitas vezes envolve fisioterapia, terapia ocupacional e outras intervenções. “Eu admiro muito meu filho, aprendo com ele todos os dias”, afirma.

Terapias: Encontrando o Equilíbrio e Respeitando a Criança

A busca pelo melhor para o filho pode levar alguns pais a sobrecarregarem a criança com terapias. Carla de Castro alerta para a importância de encontrar um equilíbrio, respeitando o tempo e as necessidades da criança. “Às vezes as crianças estão numa jornada tão longa, tão exaustiva que a própria criança não tá rendendo mais”, explica.

É fundamental que a equipe multidisciplinar avalie a carga horária das terapias, levando em consideração o bem-estar da criança. Iarla compartilha sua filosofia de priorizar o papel de mãe, em vez de terapeuta. “O meu filho precisa de mim como mãe, não como terapeuta dele”, declara. Ela estimula o filho quando ele está bem e disposto, respeitando seus limites e individualidade.

O Poder do Ativismo e a Busca por Políticas Públicas

Iarla Violatti é uma voz ativa na defesa dos direitos das pessoas com Síndrome de Down. Como Diretora do Instituto Ápice Down, ela promove o acolhimento, a capacitação e a inclusão, além de lutar por políticas públicas que garantam o acesso a serviços e oportunidades. O Instituto oferece grupos terapêuticos, seminários, eventos culturais e um podcast com profissionais especializados.

O Ápice Down também atua na área da cultura, promovendo encontros e eventos inclusivos. Iarla destaca a importância da representatividade e da autonomia das pessoas com Síndrome de Down, como o primeiro conselheiro com Síndrome de Down da UNICEF e os auto-defensores do Instituto.

Principais Conclusões

  • O luto após o diagnóstico é um processo individual e todos os sentimentos são válidos.
  • É fundamental combater o preconceito e promover a inclusão das pessoas com Síndrome de Down.
  • Encontrar um equilíbrio nas terapias, respeitando o tempo e as necessidades da criança, é essencial.
  • Priorizar o papel de mãe, em vez de terapeuta, fortalece o vínculo e o bem-estar da criança.
  • O ativismo e a busca por políticas públicas são fundamentais para garantir os direitos das pessoas com Síndrome de Down.

Conclusão

A conversa entre Carla de Castro e Iarla Violatti nos convida a refletir sobre a beleza e a complexidade da maternidade atípica. Ao quebrar preconceitos, validar os sentimentos das mães e celebrar o potencial único de cada criança, podemos construir um mundo mais inclusivo e acolhedor para todos. Qual o próximo passo que você pode dar para promover a inclusão e o respeito às pessoas com Síndrome de Down?

Este artigo é baseado no vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=56d3sXhVs_s

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Olá, meu nome é
Carla de Castro

Sou nutricionista especializada em Saúde Mental e Transtornos do Neurodesenvolvimento, e dedico minha trajetória a transformar o cuidado com famílias atípicas. Sou pioneira no Brasil na abordagem nutricional voltada ao autismo e criei o podcast Doses de Atipicidade para ampliar esse diálogo com empatia e ciência. À frente da Clínica Sallva, acolho cada história com escuta ativa e desenvolvo estratégias nutricionais personalizadas que promovem equilíbrio, autonomia e qualidade de vida.